Ao longo desses 20 anos de experiência como psicóloga clínica, observo que essa é uma pergunta frequente nos meus atendimentos clínicos. Recebo pessoas que foram deixadas por suas/seus parceiras/os e estão passando pelo momento de questionamento e tristeza do porquê foram deixadas ou trocadas. E também recebo pessoas que foram responsáveis por colocar o fim no relacionamento, e agora precisam entender o que aconteceu e aprender como lidar com a raiva, a tristeza e a não aceitação do/a parceiro/a que foi deixado/a. Cada uma dessas pessoas vai buscar a terapia, independente de qual lugar esteja, para inicialmente refletir e elaborar respostas para algumas perguntas como: E agora, como vou voltar a viver sem aquela pessoa? Como vou reconfigurar, reconstruir minha vida? Meu tempo? E as viagens que iríamos fazer juntos/as?”.
“Voltar” a viver após o término de um namoro ou de um casamento é necessário. Mas, como isso é possível?
Pois bem, é a partir desse lugar que iremos, através da análise terapêutica, buscar entender quem somos nós para daí elaborar e ressignificar a forma como fomos nos construindo ao longo da nossa vida. A ideia do relacionamento romântico é muito cultuada pela grande maioria das pessoas e, também, muito estimulada pela nossa cultura. É como se pudessem apenas ser felizes ao lado de alguém. Assim, as pessoas entram em relacionamentos que desde o início já davam indícios de que não dariam certo. Com o intuito de se encaixarem, vão se “adequando” ao/à parceiro/a. É comum escutarmos relatos como, “eu percebia que ele/a era ciumento/a, mas resolvi acreditar que com o tempo mudaria” ou, “eu percebia que ele/a não me dava um lugar de importância em sua vida, mas acreditava que isso iria mudar”..., e o outro não mudou, simplesmente porque a gente só muda quando percebemos que é necessário mudar. Ou pode ser, também, um namoro ou um casamento que estava dando certo, que já era de longa data, mas que por alguma razão um dos/as parceiros/as decidiu terminar. Talvez porque conheceu alguém, porque não aguentava mais o ciúme e as inseguranças, ou até mesmo porque se deu conta de que não queria mais estar ao lado daquela pessoa.
Nesse momento, é importante entender que o relacionamento acabou e que é necessário seguir em frente. Mas, como?
Primeiro vou falar com quem foi deixado/a. As pessoas acabam um relacionamento porque para elas já não faz mais sentido, por uma escolha própria. Não é porque o outro engordou, envelheceu, mas sim porque ela não quer mais estar ali. Ela pode até dar essas desculpas, mas no fim, é por uma escolha. Por essa razão, se acolha nesse momento da perda da pessoa amada. Entenda que, como tudo na vida, essa dor também irá passar. Faça terapia para entender porquê doeu tanto e porque o outro tem o direito de não te querer mais. Trabalhe sua dependência emocional.
E para quem foi o agente do término do relacionamento, peço que também se acolha e que compreenda que você tem o direito de seguir sua vida. Que suas escolhas precisam ser pautadas na compreensão das questões éticas, no que te faz livre. Analise seus relacionamentos passados para compreender porquê eles acabaram, se está havendo uma repetição de início e término. Por essas e outras razões, indico que faça terapia para também trabalhar questões ligadas a dependência emocional, pois muitas das vezes o fato de não conseguir se manter em um relacionamento deve ser compreendido em terapia para que não continue se repetindo.
O importante é que você consiga se sentir bem consigo mesmo, independente de estar ou não em um relacionamento. Busque terapia se perceber que está com dificuldades de lidar com a dor de uma separação. Com ajuda, certamente você vai conseguir superar o problema e ficar pronto para recomeçar a caminhada sozinho/a ou de mãos dadas com alguém.
Psicóloga Margarita Ramos